Thursday, September 18, 2008

infinitos minutos sem meu filho e o marido em Chicago

Fui ao dentista hoje. Saí de casa já achando que estava atrasada. Pontual que sou, estava com tudo pronto - diaper bag arrumada, lá fora limpo dos cocôs e xixis noturnos da Tu e Negrus - quando resolvi dar uma verificada na fralda do Max. Tava cheirando esquisito. Era o que eu temia: um cocô explosivo (essa só eu e marido conhecemos, prometo a história pra um outro momento). Limpar a explosão é tarefa que exige:
01 - ser a mãe da criança - só a mãe, acreditem SÓ a mãe faz esse serviço
02 - tempo
03 - banho
Os dois ítens últimos eu tinha certeza que me atrasariam pro dentista. Não aconteceu. Estava marcada para às 10h10. Eram 10h06 quando estacionei o carro.
Chegamos, o Max dormia no carseat, tranquilo. Claro que eu dizer oi pra recepcionista foi suficiente pra ele arregalar os olhos, assustados, sem entender onde a gente tinha parado.
Ao contrário do habitual, fui prontamente atendida. O Max no carseat observando tudo, e também diferente de ontem, no maior bom humor: dando risada, falando. A assistente da dentista me indicou onde eu poderia deixá-lo, no chão bem à minha frente.
Tava tudo indo super bem, as meninas do consultório já conhecem o Max e de vez em quando iam até ali, brincavam com ele, davam brinquedinhos. Até que vem a recepcionista e me pergunta se ela poderia tirá-lo um pouco dali. Dois milésimos de segundo depois do meu enfático e, na medida do possível, sorridente "sure you can", me arrependi. Queria meu filho desesperadamente ali, na minha frente.
Lembrei que a assistente havia errado o nome da recepcionista que saiu carregando o Max e se desculpou dizendo que ela ainda iria aprender. Era o quarto dia de trabalho dela. Eu, a mãe mais relapsa do mundo, tinha acabado de entregar meu filho pra uma mulher de nome ainda desconhecido de todos os funcionários do consultório. Tentei fixar na minha memória as características físicas dela, prevendo que poderia ter que fazer um retrato falado na polícia - aproximadamente 1,70, meio gordinha, rosto oval, loira, pele estragada de acne na adolescência, um sorriso pequeno de dentes também pequenos. E os olhos? Ai, ai... não saberia dizer se eram azuis, verdes ou castanhos. Sabia que ela é nascida em North Dakota (ou não?!?!?!) e tinha passado parte da adolescência em Michigan. Na verdade, disse pra mim, ser uma pessoa do mundo que gostava de se mudar.
Pra piorar, no meio da minha angústia, com um tom meio sádico - sim foi sádico, eu tenho certeza - a dentista me solta a seguinte frase:
- Acho que ele gostou dela... tá quietinho.
É, pensei, quietinho demais.
Foram os, sei lá, 5 minutos mais demorados da minha neurótica existência. Por fim, escuto a voz anasalada dela, chegando pelo corredor, com os passos firmes e meio pesados de quem carrega um bebê (ufa, pensei, ela tem um bebê no colo e as chances de serem o meu, definitivamente são grandes). Em seguida, ergui a cabeça o quanto pude - sem querer atrapalhar o trabalho da dentista - e vi o Max, são e salvo das garras da louca loira que por pouco, muito pouco, não levou meu filho pra sempre de mim.

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